
nDm 05 | 30.set.2021
A quinta edição da newDATAmagazine foi publicada a 30 de setembro de 2021 > LER A REVISTA.
MENSAGEM DA DIRETORA
A Função Financeira… Na Era Digital
Vivemos tempos de grande mudança e de transformações globais em que as empresas percebem a importância de gerar valor empresarial de forma inovadora.
Ao procurarem novos modelos de negócio geradores de receitas a custos mais reduzidos, as empresas priorizam a gestão dos recursos humanos e as novas formas de trabalhar no modelo remoto, alavancando a transformação digital como forma de obter vantagens competitivas.
O "2021 Global Shared Services and Outsourcing Survey" da Deloitte concluiu que a maioria das organizações reportou a "standardização e eficiência dos processos" como o seu principal objetivo estratégico em 2021, sendo a "redução de custo" o objetivo n.º 2, seguido do objetivo de "impulsionar o valor do negócio".
No domínio da tecnologia digital, está patente que empresas mais bem sucedidas adotaram a transformação digital como estratégia, independentemente da sua dimensão. De acordo com dados da Deloite, 72% já implementaram o Robot Process Automation (RPA) e 55% já utilizam o Entreprise Resource Planning (ERP).
Uma vez que estas novas tecnologias digitais melhoram e otimizam os serviços prestados, tornam-se cruciais para a inovação, qualidade e eficiência dos processos, redução de custos, erros e reclamações, contribuindo, consequentemente, para a satisfação dos clientes e colaboradores bem como para a segurança informática das transações.
Assiste-se então, atualmente, a uma grande expectativa, nos líderes, de que as empresas em 2021 e 2022 obtenham receitas que atinjam ou até superem os valores de 2019, sendo que se espera um papel fundamental por parte dos CFO (Chief Financial Officer) nesta recuperação pós-pandémica, de acordo com o “Gartner Survey (2021), The Digital Future of Finance - 10 Chief Financial Officer (CFO) Opportunities to Accelerate Digital Transformation”.
Na era digital, as equipas financeiras continuam a rever as suas próprias funções e a forma como servem a empresa e os seus negócios.
Os CFO, por seu lado, mantém-se insatisfeitos com o tempo despendido em atividades de rotina na sua própria função, por oposição às atividades de suporte ao negócio, pelo que continuamente procuram implementar processos de normalização e automação que lhes permitam disponibilizar espaço e tempo para desenvolverem uma posição de parceiro de negócio no contexto da própria empresa.
Com início por volta de 2017, a implementação do RPA na função financeira começou por ser aplicada em funções pouco significativas, automatizando fluxos de trabalho baseados em regras simples, repetitivas e não subjetivas, tais como a construção de relatórios. Contudo, à medida que ocorre a expansão da implementação do RPA nas funções financeira e se demonstra a sua fiabilidade, o RPA passou igualmente a ser adotado em funções financeiras core e em processos principais de maior criticidade, tais como: encerramento e consolidação de contas, na elaboração de mapas de fluxos de caixa, na informação fiscal, entre outros.
Atualmente, o RPA na função financeira surge apoiado por outras tecnologias digitais como a machine learning, podendo ser utilizado em atividades mais complexas de suporte à decisão, tais como orçamentação e previsão.
Esta evolução encontra-se espelhada no seguinte quadro:
Fonte: Gartner, 2021. https://www.gartner.com/en/finance/trends/digital-future-of-finance
Entre os principais benefícios do RPA encontram-se a redução de custos, erros, a melhoria de qualidade e compliance. Mas igualmente maior satisfação dos colaboradores e foco na inovação, uma vez que redireciona as prioridades dos colaboradores para funções de maior valor acrescentado em inovação, estratégia e outras atividades de desenvolvimento de negócio.
O RPA potencia, pois, o crescimento das receitas e a melhoria da satisfação do cliente através de um mais curto ciclo de resposta aos clientes. Possibilita igualmente o processamento de transações em tempo real e uma operação contínua de 24 horas por dia, 7 dias por semana e dá origem a uma força de trabalho virtual que pode ser importante em cenários de crescimento empresarial.
Adicionalmente, permite que o retorno do investimento (ROI) possa ser alcançado mais rapidamente, face a evoluções num ERP, apresentando vantagens por ser de menor investimento, fácil implementação e não exigir uma mudança de sistemas ou novas interfaces.
Perante a atual realidade de crescente automação e digitalização das empresas, a função financeira beneficiará da adoção de novos modelos tecnológicos mais resilientes, ágeis e flexíveis, podendo passar a ter um maior foco nas questões relacionadas com o planeamento estratégico e aconselhamento, controlo e análise, aportando assim um maior valor à gestão do negócio e sendo parte ativa no processo de transformação digital e de geração de valor na empresa.
Ana Mafalda Guerra