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newDATA EDITORIAL
MAGAZINE
Cidades “verdadeiramente inteligentes”
Não existe consenso sobre a data em que tecnologia, mas sim com as características
teve início o Antropoceno , a era em que as dos terrenos e as alterações climáticas que
atividades humanas começaram a ter um afetam democraticamente países
impacto global significativo nos desenvolvidos e em desenvolvimento.
ecossistemas da Terra ao ponto de os É nestes cenários que as cidades
comprometer. No entanto, o facto de, pela inteligentes são necessárias, resolvendo
primeira vez na história, em 2020, a massa questões estruturais e de organização que
dos objetos construídos pela humanidade ter permitam às pessoas uma vida com mais
superado em peso a massa dos seres vivos qualidade.
(Revista Nature ) é um sinal evidente de que As 30 cidades com mais população a nível
estamos em plena era antropocénica e que já mundial têm mais habitantes do que Portugal
não voltamos atrás.
inteiro. Imagine colocar numa cidade apenas
Neste contexto, falar de cidades todos os problemas de circulação, habitação,
inteligentes faz todo o sentido. Por muito que infraestruturas, segurança, e por aí adiante,
se queira, os humanos atualmente vivos que existem no nosso país. É um caos, certo?
veem a sua esperança média de vida Hoje já se projetam cidades (quase)
aumentar e não há sinais de que a população autossuficientes. Estas pequenas
mundial vá diminuir. Por isso, é necessário comunidades oferecem aos habitantes tudo
planear as cidades.
o que necessitam para a sua vida diária, a
Muito se fala de cidades inteligentes, distâncias muito curtas. Reduz-se a
como se estas pudessem ter vida por si circulação automóvel e viabilizam-se os
mesmas, sem a constante presença e ação transportes públicos, como em pequenas
das pessoas, retirando o ónus de planear e aldeias. E, provavelmente, teria sido esta a
manter o seu funcionamento do lado dos melhor opção para crescimento das cidades
seus responsáveis, como se dotar a cidade no passado: conectar de modo eficiente e
de uma certa “inteligência” resolvesse todos sustentável muitas pequenas aldeias em vez
os problemas. de “fazer” crescer megacidades que se
Atentemos, por exemplo, no problema das revelam insustentáveis, pouco amigas do
inundações. Apesar de o World Bank, na sua ambiente e descaracterizadas.
publicação Cities and Flooding , afirmar que Talvez não seja tarde para voltar atrás…
“As inundações urbanas representam um quem sabe. As vantagens parecem-me
sério desafio ao desenvolvimento e à vida evidentes, de onde destaco a identidade
das pessoas, particularmente dos residentes cultural e a qualidade de vida!
das cidades em rápida expansão nos países
em desenvolvimento.”, o facto é que, numa Horácio Lopes
consulta da lista das 20 cidades mais
vulneráveis a inundações, percebemos Gestor de projetos . Consultor de ®
Gestão . Editor newDATAmagazine
facilmente que o problema não está Formador . BCP . BCI VP
®
®
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