ptnlenfrdees
nDm 04 | 26.ago.2021

nDm 04 | 26.ago.2021


A quarta edição da newDATAmagazine foi publicada a 26 de agosto de 2021 > LER A REVISTA.

 

MENSAGEM DO DIRETOR

Todos reconhecemos, ou pelo menos assumimos, que existirá uma verdade objetiva. Algo que, ainda que inalcançável, Seja, independentemente da opinião de cada um. Contudo, a Verdade tem muito que se lhe diga e é tudo menos linear. Quando mais nos parece ser segura, maior é o impacto quando se nos escapa por entre os dedos, como a proverbial areia. Pode até ser Paradoxal, como tão bem ilustra Bertrand Russell, com o seu Paradoxo de Berry (repare-se que a frase tem 18 sílabas).

A inconstância da Verdade

Sempre que a verdade é erigida sobre aquilo que nos parecem ser as mais sólidas fundações, há uma fresta, algo que a princípio nem reparamos, por vezes não mais que um detalhe, aparentemente irrelevante, mas que, com o tempo, como um pequeno furo numa imensa barragem, acumula uma pressão imensa num ponto ínfimo, até que provoca a sua completa derrocada.

A competência e a necessidade

Não é certamente por sermos incapazes de lidar com a informação. Será, quando muito, ao contrário do que diz a vox populi, por nos termos tornado muito mais competentes neste processo, num processo de melhoria não-linear, mas de tendência positiva.

Isto dá-se a todos os níveis: ao mais alto nível, na comunidade científica; na comunidade técnica e burocrática, cujo conhecimento é de menor profundidade, onde as evidências criam uma convicção quase religiosa, tal é a sua qualidade; mas também, felizmente, na própria população em geral, ainda que o síndrome de Dunning-Krugger e o de Impostor nunca deixem de fazer o seu trabalho, calando os que mais sabem e dando voz a outros cujo conhecimento não acompanha a convicção.

O simples e o complexo

Por outro lado, há ainda o problema da simplificação do complexo e da complexificação do simples. Hoje, para se atingir verdadeira profundidade, é exigido um grau de especialização muito elevado, enquanto o cidadão comum, para estar bem informado sobre temas relevantes, tem de enfrentar um manancial de informação, muito acessível, mas pouco estruturado e sem a opção de ignorar essa informação.

Agrupados de uma forma simples, sem perder de vista todos os tons intermédios, os nossos intervenientes: de um lado, um “pequeno” conjunto de especialistas, profundos na sua área de especialidade, mas dispersos pelas suas áreas de especialidade; de outro, uma multidão de pseudoespecialistas, preocupados com processos e não com a ciência, e pseudogeneralistas, sincréticos, mas abrangentes. Uma combinação com um potencial explosivo.

Liberdade de Expressão

A tão esperada democratização da informação é uma consequência da democracia política, mas também um seu pressuposto. Sem informação, sem compreensão, não podemos exercer convenientemente essa democracia. E embora isto crie uma tensão, ela não deve ser ignorada ou suprimida, mas gerida. E a forma de a gerir vai passar por boas práticas de gestão de dados, primeiro regionais e depois globais, por isso este é um tema que nos interessa, e muito, levantar também aqui.

Neste domínio põe-se sobretudo o problema da liberdade de expressão. Não temos dúvida de que a queremos. Ninguém defende a censura, pelo menos não abertamente e não nas sociedades dos países desenvolvidos. A União Europeia, preocupada com o valor social e económico dos dados, tem feito um esforço para criar condições e uma estratégia para que haja maior circulação de dados de elevado valor.

Mas, como dizia no início da mensagem, este tema é fugidio e, quando parecemos ter conseguido delimitá-lo, mostra-se novamente fluido e de difícil contenção.

A Ciência não é a Verdade

Mais recentemente, começámos a ter movimentos de fé e de heresia face à ciência, com movimentos de defesa do valor da ciência tão acérrimos, que se tornam paradoxalmente anticientíficos, mas também com ataques inesperadamente fundamentalistas ao que tem sido um percurso de maravilhas que a ciência trouxe ao século XX e continua a trazer neste.
Seria bom que a educação para a democracia e a educação para a ciência fossem capazes de integrar a visão, essencialmente delineada por Karl Popper e Thomas S. Kuhn, de uma ciência humana, afastando-a de um plano etéreo, das ideias, mostrando as suas falhas, com limitações, dependente de questões biológicas, antropológicas, culturais, sociais e psicológicas.

A ciência falha. Mas, mais do que falhar, ela está sempre enviesada. Por isso, as suas respostas são sempre suspeitas. Mas isso, como se costuma dizer, “não é defeito, é feitio”. A ciência é criada na procura dessas falhas e, o que tem de audaz na sua busca pela verdade, tem também de humilde no modo como o faz. É a melhor forma que conhecemos de fazer o caminho para a Verdade.

André Carreiro

 

LER ESTE ARTIGO NA REVISTA ONLINE

Diretor

André Carreiro
André Carreiro

Data Publicação

26 agosto 2021

Tags

Publicadas

logo rodape

Seja bem vindo(a) ao website da newDATAmagazine©!

Aqui concentramos toda a informação pertinente sobre a vida da nossa revista e damos visibilidade a todos os que connosco colaboram: Parceiros, Autores, Revisores, Anunciantes e Leitores.

Boas leituras!

Última Edição

newDATAmagazine® N.º21

Contacto

gestao @ newdatamagazine.com

(+351) 929.251.279

 (Chamada para rede móvel nacional)

  Projeto

  FAQ's

  Gestão e propriedade

  Produção

  Política de Privacidade