nDm 06 | 28.out.2021
A sexta edição da newDATAmagazine foi publicada a 28 de outubro de 2021 > LER A REVISTA.
MENSAGEM DO DIRETOR
Mudança
11 da manhã, 21 de junho de 1948, Inglaterra. Tom Kilburn e o seu colega Freddie Williams corriam, num computador da Universidade de Manchester, o que hoje conhecemos como o primeiro software da História. Este primeiro programa, concebido para realizar cálculos matemáticos, demorou “apenas” 52 minutos a calcular 218. Décadas depois deste evento, os computadores foram programados com cartões perfurados. Seguiu-se o Fortran, publicado em 1957, e cerca de duas décadas depois surgiu o BASIC, Pascal, C e Cobol (ainda hoje utilizado em muitos sistemas legado, especialmente de bancos).
O software mudou o Mundo. Hoje, todos os negócios são negócios de software. Seguradoras, escritórios de contabilidade, bancos e fábricas, para nomear apenas alguns, são empresas digitais impulsionadas por software. Em bom rigor, o software é o que distingue a qualidade, inovação, agilidade e, principalmente, a competitividade entre negócios.
Ao compararmos um banco nativamente digital (e.g. Nubank, N26, Revolut) com um banco que ainda utiliza sistemas desenvolvidos em Cobol, verificamos que a capacidade de adaptação à pandemia foi colossal. Numa altura em que as mudanças são cada vez mais frequentes, a agilidade é um ponto vital na atividade de qualquer negócio. E esta agilidade está intimamente ligada ao software.
No entanto, com isto, não quero dizer que bancos ou quaisquer negócios que utilizem software recente estão mais aptos a fazer face ao futuro – é fácil partirmos do pressuposto que o software mais recente é mais ágil, por ter sido concebido com base numa realidade mais recente.
Porém, se olharmos para a forma como as conhecidas e prósperas fábricas de grandes programas de gestão de organizações desenvolvem software (por mais recente que seja), chegamos à conclusão que o erro está na base do software. Não existe um afastamento entre os programas e as regras de negócio, que continuam “escondidas” no código. Daí os fabricantes dos ERP mais utilizados no mercado, por exemplo, precisarem de meses para introduzir novas funcionalidades – causando frustração às organizações utilizadoras.
É importante que os compradores de software não olhem para as funcionalidades de um software como a característica vital para a tomada de decisão – as funcionalidades existentes funcionam para o negócio até ao dia em que o mercado ou a organização mudarem. Olhemos, antes, para a capacidade de mudança. Só um software capaz de mudar rapidamente assegura que uma organização está pronta para enfrentar o futuro.
“The measure of intelligence is the ability to change” - Albert Einstein
João Simões de Abreu