Page 23 - newDATAmagazine | 03>07>2021
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Com todas as atuais limitações, tem sentido
dificuldade em impor a qualidade que
(re)conhecemos ao seu trabalho?
Claro que há situações em que há tempo
para observar, pensar na composição, colocar-
se no sítio certo, medir bem a luz e a
temperatura de cor e, finalmente, disparar. Mas
também há registos em que tudo isto tem de
ser feito em segundos, de forma instintiva.
Para o bem e para o mal, fotografar é uma arte
que se traduz numa fração de segundo. Ou se
clicou na altura certa, ou se perdeu o instante.
São as regras do jogo, a adrenalina que
acompanha cada fotojornalista no seu dia-a-
dia. Já para não falar no processo de edição,
em que temos de escolher as melhores
imagens, devidamente legendadas, e enviar o
mais rapidamente possível para a linha da
agência.
Quer com isso dizer que neste projeto em
concreto “viveu a fotografia” de modo
diferente?
Quando me convidaram para fotografar
toda a PPUE, idealizei um projeto que me ia
fazer percorrer o país de uma ponta à outra,
acompanhando in loco momentos únicos da
diplomacia internacional. Mas a pandemia
estragou os planos a quase todos,
influenciando as nossas vidas pessoais e
profissionais. Não nos resta outra opção do
que nos tentarmos adaptar às atuais
circunstâncias. Além do registo oficial, restou-
me vaguear pelos corredores e salas do CCB
em busca de outras perspetivas.
Quais foram as maiores dificuldades que
sentiu ao longo dos seis meses de PPUE?
Procurar fazer sempre algo diferente. Entre
quatro paredes, os ângulos podem parecer
limitados, mas é aí que entra o fator criativo.
Numa altura em que as circunstâncias
tornaram a nossa vida mais cinzenta, em que
o s n í v e i s d e d e s e m p r e g o s u b i r a m
exponencialmente, a motivação de quem tem
o privilégio de trabalhar todos os dias tem de
estar sempre em alta. Se a minha empresa me
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