Page 55 - newDATAmagazine | 03>07>2021

Em suma, avançamos que, não obstante as comparado a um sistema mais linear, onde
particularidades e direcionalidade da definição
do conceito para as várias áreas de
intervenção, parece claro que a base envolve a
utilização de segmentos de jogo para
desenvolver desenhos e sistemas destinados
a situações de não jogo, com o objetivo de
motivar e envolver o utilizador.
Desenvolver um sistema gamificado
A aparente simplicidade da definição ou
definições pode induzir à perceção de que
desenhar e implementar um sistema
gamificado é simples, rápido e sinónimo de
resultados positivos.
Mas nem todos os projetos singram. Alguns
profissionais da área levantam questões sobre
a legitimidade de utilização da gamificação
para resolver problemas em que a abordagem
beneficiaria com outras soluções, ou onde o
mote é “fazer porque todos fazem”. Quando as
opções são desajustadas, os resultados
podem ser negativos e, consequentemente,
uma experiência a não repetir.
Não raramente, a primeira experiência de
quem se ensaia na gamificação mostra que
desenhar um sistema gamificado é um
trabalho exigente e complexo, com
necessidade de conhecimentos em diversas
áreas do saber, um projeto com elevado
consumo de tempo e sem resultados positivos
garantidos.
O desenho e a implementação de sistemas
com uma mecânica rica e utilização de
diversos elementos de jogo necessitam de um
investimento de tempo superior por parte dos
intervenientes. Compreende-se, com
naturalidade, que um sistema onde conste, por
exemplo, o desenvolvimento de uma narrativa,
vídeos, estatística e métricas de utilizador,
feedback personalizado a cada utilizador e
atribuição de papel de moderador de uma
discussão, terá um custo de tempo superior
por parte de todos os intervenientes, quando
apenas conste a atribuição de pontos por
determinado comportamento esperado ou
atividade realizada.
Podemos assim lançar a hipótese de
estarmos perante níveis de profundidade de
gamificação, de acordo com o sistema, os
elementos de jogo e a mecânica utilizada.
O largo número de setores onde se pode
desenvolver um sistema gamificado, as
diversas situações e os objetivos que se
pretende alcançar levam a que cada desenho
fique ao critério do designer ou da equipa, dos
objetivos traçados, do público-alvo, entre
outros elementos.
Como se gamifica, quais os elementos de
jogo a utilizar, quantos elementos de jogo se
coloca no desenho, qual a mecânica que trará
significado à experiência ou como se constrói
e implementa um sistema gamificado, são
questões recorrentes por parte de quem se
interessa ou trabalha na área.
Nesta linha, avança-se que não há uma
forma única ou correta, do ponto de vista de
resultados alcançados para se desenhar e
implementar um sistema gamificado. Através
de material publicado, intui-se, utiliza-se ou
descarta-se determinada variável em
determinada situação, mas é quem desenha e
implementa que tem a perceção em última
instância, conhecendo o seu público-alvo e o
que pretende alcançar, do modo como poderá
enriquecer a sua experiência.
Com o crescente de projetos e experiências
na área da gamificação, a investigação e a
partilha de dados empíricos continuam a ser
de suma importância para um maior
entendimento deste tema.
Cláudia Gomes
E-Learning developer
Gamification researcher and designer
for online courses
Collaborator researcher of LE@D
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