Page 52 - newDATAmagazine | 03>07>2021
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MAGAZINE
COLUNA MENSAL
Cidade das PESSOAS vida decorre no quadro da digitalização do
quotidiano.
e dos DADOS O planeamento da cidade das pessoas e dos
dados exige não só uma administração mais
No texto de junho, abordou-se o potencial da transparente e disposta à cocriação de
transformação digital em aproximações soluções urbanas coletivamente construídas,
híbridas à participação cidadã na cidadania de mas também a existência de indivíduos com
ação, através do empoderamento digital. Na disponibilidade para participarem e
sequência deste tópico, a atual coluna destaca acompanharem, com um forte sentido do outro,
a necessidade de convergência entre o a edificação do futuro comum. Para o efeito, o
planeamento das cidades e o seu quotidiano, planeamento das cidades não poderá continuar
promovendo formas renovadas de vida urbana a assentar em desígnios alheados das distintas
mediada pelos dados. realidades que conformam hoje o território.
Planear a urbanização implica cada vez Para que este hiato não se consubstancie, a
mais a correlação de processos nos quais o coleta, tratamento, visualização e análise
envolvimento cidadão é estruturante para o crítica de dados de fontes e proveniência
prosseguimento de contextos de vivências diversa é crescentemente relevante.
mais plurais e efetivos na resolução de
constrangimentos diversos que indivíduos e O processamento de dados através de
comunidades sentem no respetivo dia-a-dia. sistemas de informação geográfica (SIG) é já
A interdependência entre os diferentes uma prática em diversas autarquias lusas. Não
níveis da administração (central, local) e as obstante, urge consolidar os ambientes SIG
populações precisa ser consolidada, para que com outros que convalidem o avanço em
o planeamento das cidades acolha a presente abordagens prospetivas da urbanização. Por
diversidade/incerteza de múltiplas realidades exemplo, o City Information Modelling (CIM) –
em respostas partilhadas mais assertivas. cf. publicações de N. Montenegro, J. N. Beirão
Assim, o recurso à utilização de dados é um e J. P. Duarte – congrega a análise e a
“caminho” cujo início tem sido dado com simulação de cenários urbanos em que
passos ainda não totalmente estruturados variáveis de demografia, distribuição das
(nem tão pouco sistemáticos), mas que se atividades económicas e equipamentos (entre
afigura irreversível. outras) confluem no ensaio/teste de soluções
A maior ênfase do papel dos dados no urbanísticas flexíveis à rápida alteração dos
planeamento das cidades torna possível dados que as conformam.
perspetivar a urbanização nos seus distintos Escrutinando o horizonte próximo, antevê-
graus de complexidade. Permite ainda aferir se que não perdurará o planeamento das
com maior rigor a intensidade do “pulsar” de cidades sem a cocriação da urbanização
vivências e os (novos) tipos do viver urbano – futura devidamente apoiada em dados.
contemplando-os no planeamento do
território. Dada a existência de certa inércia do David Leite Viana
urbanismo de pendor mais burocrático, a
realidade tem sido mais lesta quer na Investigador
ISTAR-Iscte
transformação de lugares de vivências, quer
na transformação ao nível do modo como a Perfil | Profile
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