Page 14 - newDATAmagazine | 04>08>2021

A padronização é inerente aos sistemas O fator escala é também um parâmetro
informáticos e há sempre a tentativa, na sua
implementação, de padronizar os processos
que lhe estão subjacentes. Ora, no setor
primário trabalhamos com seres vivos (a que
chamamos ativos biológicos) e sistemas de
produção diferenciados. A condição do ser
vivo, e a consequente variabilidade genética,
associada à variabilidade de condições do
local (e.g. clima e solo) e aos sistemas de
produção (e.g. decisões de fertilização), torna
muito difícil, senão impossível, a padronização
dos processos base de produção, dificultando
a implantação de soluções tecnológicas, que
sempre tendem a ser padronizadas. Este
p r o b l e m a t e m s i d o a c a u s a
constrangimentos na tentativa de adoção, por
exemplo, de ERPs(1) para a gestão de
sistemas de produção agroflorestais, sendo o
problema potenciado pela não inclusão de
engenheiros de produção nas equipas de
desenvolvimento/parametrização dos
sistemas.
No que respeita ao fator espaço, é
fundamental que este seja corretamente
integrado aquando da implementação de
qualquer processo de digitalização, atendendo
à organização subjacente aos sistemas de
produção agroflorestais, materializados numa
área de gestão, dividida em unidades de
produção ou parcelas, mais ou menos
homogéneas. Gerir sistemas agroflorestais é
gerir um espaço de produção, pelo que que
qualquer sistema de informação ou
informático que não tenha este fator em conta,
ou seja, que não se baseie em sistemas de
informação geográfica, tem uma utilidade
muito limitada, mesmo para a gestão da parte
administrativa, visto que custos e proveitos
deverão ser sempre associados a cada
unidade de produção.
(1) Enterprise Resource Planning
(Planeamento de Recursos Empresariais)
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e s s e n c i a l a s e r l e v a d o e m c o n t a ,
principalmente em sistemas que têm por base
informação de deteção remota. A utilização de
escalas que não permitem ter informação ao
nível das plantas, o mais isoladamente
possível, geram dados agregados de pouca
utilidade para gestão operacional à escala das
unidades de produção e por isso são, de uma
forma ou de outra, desadequados para efeito
da tomada de decisão.
O fator espacial é ainda mais complexo de
modelar e incorporar, sendo este essencial ao
nível dos sistemas de produção pecuária, visto
que, ao contrário das plantas, o animais
d e deslocam-se entre unidades de produção, cujo
objetivo de gestão é a maximização do suporte
dado pelas pastagens, que são ativos fixos.
Por último, é fundamental levar-se em conta
o fator tempo, principalmente nas produções
com plantas perenes, atendendo a que as
condições de produção se alteram num
determinado horizonte temporal e que o seu
impacto sobre as culturas nem sempre é
imediato. Assim, a digitalização dos sistemas
que não tenha em consideração o tratamento
da informação ao longo do tempo, medindo os
impactos presentes e futuros, leva ao
desenvolvimento de sistemas com baixa
utilidade e, por conseguinte, de baixa
aceitação.
Principais fatores intrínsecos
que concorrem para a baixa
adesão às tecnologias neste
setor:
Ÿ Padronização
Ÿ Fator espaço
Ÿ Fator escala
Ÿ Fator tempo