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N ã o t e m o s d ú v i d a d e q u e u m organizacional e não uma falha individual”
ambiente/local de trabalho saudável será (AESST) e tenhamos a coragem de aceitar o
aquele onde os elementos de nocividade, desafio de, por um lado, cumprir o legislado e,
como sejam, entre outros, manutenção de por outro, rentabilizar o que temos “à mão”.
caraterísticas promotoras de LME, acidentes e E são passos muito simples, como atenuar
doenças profissionais, elevado stresse a liderança abusiva escutando as opiniões dos
negativo e sintomas de burnout, relações de outros, fazer prevalecer a inteligência moral na
assédio e violência, seja física, seja verbal, não preocupação pelo bem-estar e conciliação,
aparecem ou não têm expressão. pugnar por avaliações colaborativas onde a
A evidência permite deduzir que os partilha e o reconhecimento devam ser o lema,
ambientes estão dependentes da forma como salientar o tempo para formação, repouso,
se concebe, organiza e gere o trabalho. O tipo lazer e coabitação das equipas, avaliar os
de políticas de gestão de recursos humanos e, r i s c o s f í s i c o s e p s i c o s s o c i a i s e
obviamente, o contexto económico e social operacionalizar medidas exequíveis e
que tanto influenciam a decisão tendem a positivas. E, sobretudo, crer que “sem trabalho
“empurrar” para o esquecimento que quem a vida é pobre, mas quando o trabalho é sem
trabalha é um ser humano. Sabemos, também, alma, a vida asfixia e morre” (Albert Camus).
q u e a p re c a r i e d a d e d o t r a b a l h o , o
e n ve l h e c i m e n t o d a m ã o - d e - o b r a , a Não fazer nada ou fazer por fazer é como
intensificação do trabalho, as exigências estar permanentemente numa postura
emocionais fora de controlo e a menor negativa face à vida, com a abolição da
capacidade de conciliação entre a vida confiança e do espírito de equipa. Sejamos
profissional, familiar e pessoal são os positivos e geradores de confiança nas
principais fatores geradores de ambientes relações e façamos emergir comportamentos
nocivos. E também sabemos que estes fatores assertivos, onde a felicidade e o bem-estar
potenciam o absentismo e a baixa funcionem como padrões de existência.
produtividade que, na união europeia, segundo O equilíbrio entre a sustentabilidade das
a AESST, se traduz em 136 mil milhões de organizações e o bem-estar de quem
euros anuais em problemas “só” de saúde labora deve ser o foco e, para isso, todos
mental. somos fundamentais.
E se estamos conscientes de tudo isto, por “Mesmo num mundo de mudança,
que razão não caminhamos para a criação de
ambientes de trabalho seguros e saudáveis? não toleraremos quaisquer concessões
Talvez fosse importante assumir que, assim no direito a um trabalho saudável” (OIT,
como podemos errar, também podemos 2019).
aprender. Na emergência, é crucial passar das
palavras aos atos. José Magalhães
“Só não tem stresse quem morreu”, ensinou- Membro Fundador do INTEC
nos Hans Selye, portanto, vamos rentabilizá-lo com a função de Presidente
do Conselho Fiscal
encarando que o stresse é “uma questão Perfil | Profile
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