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Os Melhores Municípios para Viver
Os dados ao serviço da Qualidade de Vida
A Declaração de Independência dos
Estados Unidos da América, de 4 de julho de
1 7 7 6 , r e f e r e n a s u a a b e r t u r a
“Consideramos estas verdades autoevidentes,
que todos os homens são criados iguais, que
são dotados por seu Criador de certos Direitos
inalienáveis, e que entre estes estão a Vida, a
Liberdade e a busca da Felicidade.”
Porque a melhoria da Felicidade e da
Qualidade de Vida dos cidadãos são a causa
última da humanidade, inúmeras instituições
internacionais têm procurado mensurar e
comparar estes valores, como sejam a OCDE,
através do Better Life Index, a EUROFOUND,
através do European Quality of LIfe Survey”, ou a
OMS, através do WHOQOL-100 (1) . A avaliação
e a análise das causas dos diferentes níveis de
qualidade de vida e bem-estar, realizadas no
âmbito destas iniciativas, situam-se, contudo,
ao nível da comparação entre diferentes
países, sendo a sua tradução prática de difícil
ou lenta execução.
Por este motivo, o INTEC – Instituto de
Tecnologia Comportamental, criou em 2008 a
iniciativa “Os Melhores Municípios para Viver”
em Portugal, por forma a transpor a lógica de
mensuração e melhoria da qualidade de vida
para um nível de gestão territorial mais ágil e
manejável e com implicações mais próximas
da vida dos cidadãos: o nível dos Municípios.
O presente texto sintetiza as mais-valias
desta iniciativa e o framework e os indicadores
(1) Ver o trabalho de Culora & van Stolk (2020), para
mais informação e exemplos.
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de qualidade de Vida utilizados para mensurar
a qualidade de vida ao nível dos Municípios,
q u e mostrando que estes “novos dados” são
fundamentais para o progresso da
humanidade, das populações e dos cidadãos.
1. RAZÕES DE UMA FERRAMENTA DE
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
NOS MUNICÍPIOS
Na vida democrática que caracteriza hoje a
governação local, os eleitores são chamados
regularmente a pronunciarem-se acerca da
qualidade da governação dos eleitos locais.
Estudos recentes, realizados com base em
inúmeros atos eleitorais ocorridos na Europa
nas últimas décadas, têm mostrado que os
n í v e i s d e b e m - e s t a r e f e l i c i d a d e
experienciados pelos cidadãos explicam
significativamente a probabilidade de
reeleição (ou rejeição e troca) de um executivo
governativo, muito para além do PIB, da taxa
de desemprego ou da inflação existente.
Alguns estudos demonstram que os níveis
“satisfação com a vida” reportados pelos
cidadãos explicam cerca de 9% da
variabilidade do voto na continuidade,
enquanto o crescimento económico explica
pouco mais de 6% (2) . Só por si, e quanto mais
não fosse, esta constatação deveria levar os
governantes a medirem e a acompanharem
regularmente de perto os níveis de bem-estar e
a qualidade de vida das suas populações.
(2) Ward (2020)