Page 71 - newDATAmagazine | 01>05>2021
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Este  desejo  de  intervir  por  uma  causa
                                                               continuou ativo e atualmente assistimos ao

                                                               crescimento  de  intervenções  artísticas
                                                               impregnadas de vontade de justiça social e
                                                               ambiental, da reivindicação de liberdades e
                                                               direitos,  da  igualdade  e  equidade  para

                                                               minorias em situação de risco e/ou exclusão,
                                                               como  por  exemplo,  os  movimentos

                                                               feministas,  comunidades  LGBTQIA+,
                                                               comunidades indígenas.

                                                                  Mas o fascínio inicial de um espaço digital
                                                               capaz  de  mitigar  muitas  desigualdades
                                                               relacionais  e  estruturantes  da  sociedade,

                                                               rapidamente  demonstrou  que  pode
                                                               reproduzir  as  mesmas  discriminações  que
                                                               têm lugar no plano físico. Por vezes, até de
                                                               forma mais agressiva e ofensiva, destilando

                                                               e incentivando discursos de ódio, na maior
                                                               parte  das  vezes  proferidos  de  forma
                                                               anónima.

                                                                  O  artivismo  digital  pode,  por  isso,  ser

                                                               considerado  como  mais  uma  forma  de
                                                               intervir  socialmente,  na  comunidade.  Uma
                                                               forma de partilha que permite, consoante o

                                                               suporte  tecnológico  utilizado,  diferentes
                                                               escalas  de  alcance.  Contudo,  esta
                                                               exponenciação do alcance da mensagem é,
                                                               geralmente,  realizada  de  um  modo  não

                                                               controlado, ficando por realizar uma reflexão
                                                               mais  aprofundada  dos  reais  impactos  do
                                                               Artivismo  Digital  na  Sociedade  e  no

                                                               indivíduo.


                                                                                 Isabel Cristina Carvalho

                                                                                 Investigadora. Centro de Investigação
                                                                                 em Artes e Comunicação (CIAC-UAb),
                                                                                 pólo da Universidade Aberta, Lisboa.
                                                                                     Perfil | Profile

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