Page 13 - newDATAmagazine | 06>10>2021

Torna-se desgastada rotina a novidade com
que anualmente professores, alunos,
encarregados de educação se veem
presenteados, os programas das disciplinas
que mudam, os objetivos curriculares que
passaram a metas de aprendizagem, que
passaram a aprendizagens essenciais, as
regras que se alteram a meio do percurso,
enfim, um eterno labirinto para os que entram
no sistema e um Minotauro gigante, que é a
área governativa da educação, que a si mesma
se desconhece.

E o digital? E a entrega dos equipamentos
digitais para todos? Acontecerá, muito
provavelmente, mas não em setembro, que já
lá vai. Estamos em outubro, a caminhar para
novembro, já as castanhas saem dos ouriços e,

mesmo os mais carenciados (os alunos que
auferem subsídio da Ação Social Escolar, ASE),
que são, justamente, os alunos com acesso
prioritário, ainda aguardam que as escolas
(dependentes das plataformas que,
idealmente, facilitariam a gestão do processo)
operacionalizem o registo, verificação e
entrega dos ditos equipamentos. As falhas são
evidentes (o que é, até, natural, num sistema
vasto e de grande complexidade), a começar
pela quantidade de equipamentos que é
necessário produzir/importar/adquirir,
passando pelo rigor da verificação de
requisitos para a sua (re)distribuição (já que
são reutilizáveis), sem esquecer que os
equipamentos são diferentes para os
diferentes ciclos de ensino.

O país transforma-se, sim, mas

lentamente. No labirinto, alguns ainda
ficam, desafortunadamente, para trás.

Margarida Correia

Professora do Ensino Secundário
Escola Secundária de Amora
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