Page 18 - newDATAmagazine | 08>12>2021

newDATA
2021
Repensar o negócio e garantir a performance
Do ponto de vista da tecnologia e da gestão
das organizações, 2021 foi o ano da
Transformação Digital. Mas também o foi do
ponto de vista sociopolítico, por termos
chegado ao limiar do imaginário orwelliano,
com tantas formas de virtualização da nossa
identidade, identificações várias, controlos e
restrições.
Independentemente de concordarmos mais
ou menos com as medidas implementadas, de
estarmos mais ou menos satisfeitos com a
digitalização do nosso trabalho, dos
processos e da inevitável descentralização
física das organizações, tivemos este ano um
tipping point que se apresentou o ano passado
como transitório, mas que, este ano, mostrou
que está aqui para ficar e para ter mais
consequências das que já teve antes.
Foi preciso um trigger, um evento mundial
percebido como catastrófico, para que as
pessoas, com receio do pior, procurassem uma
tábua de salvação que, neste caso, foram as
TIC, no seu melhor e no seu pior.
18 newDATAmagazine.com
MAGAZINE
O impacto da Tecnologia
É habitual ouvir-se dizer que a tecnologia
não é boa nem má, é neutra.
E até certo ponto, é verdade, é apenas mais
um meio para atingir os objetivos. É a escolha
do objetivo que faz a diferença entre o que é
melhor e pior. Mas, na verdade, a evolução da
tecnologia não ajuda apenas no “como”, mas
também no “quê”, porque cria novos “quês”. E
há alguns “quês” que, ao tornarem-se
possíveis, tornam necessário o seu uso,
precisando apenas de um trigger para o
precipitar.
No século XX, um exemplo flagrante foram
as armas nucleares. Tornou-se imperativo
controlar essa tecnologia, sob risco de se ser
controlada por outros. Era literalmente uma
questão de vida ou morte. A sua investigação
começou muito antes, claro, mas foi o trigger
da Segunda Guerra Mundial que trouxe a sua
infeliz estreia. Mas se parecia o fim do mundo,
não o foi. Bem pelo contrário, que o diga a
França, que baseia a sua produção energética
nesta tecnologia.
No mesmo século, a existência da rádio e da
televisão permitiu a difusão da mesma
mensagem, massivamente, o que tornou
imperativo que se soubesse, não apenas
dominar a tecnologia, mas ainda dominar a
forma de a usar, garantindo que quem a usasse
não tivesse a capacidade de influenciar uma
sociedade de tal forma que fosse impossível
governá-las. E cedo se percebeu que não era
neutra.