Page 20 - newDATAmagazine | 08>12>2021

Robotização, entre outros campos, tenha Há muito que se imagina o escritório sem
continuado e tido alguns progressos
interessantes, a tecnologia de que dispomos
hoje não é significativamente diferente da que
temos tido disponível desde há uma década a
esta parte. A sua progressão, um pouco à
imagem de outras aqui referidas, prosseguiu
serenamente, evoluindo, sem uma epifania
evidente.
Aliás, para muitas pessoas que andam nisto
há algumas décadas, há claramente uma
sensação de dejá vu em muitas das discussões
que temos hoje sobre a aplicação destas
tecnologias.
No entanto, ao contrário da tecnologia, a
revolução social que se está a operar na nossa
sociedade, com a urgência que tem trazido a
muitos assuntos, seja ela mais ou menos
objetiva, tem tido um enorme impacto e parece
estar a provar ser o trigger que as tecnologias
de informação não tinham tido até ao
momento. E, por isso, temos também a ideia de
que este ano é aquele em que a Tecnologia
tomou conta do mundo. Tornou-se imperativo
dominá-las, controlá-las e saber usá-las.
Ponto crítico e oportunidade
Nas organizações, que é o nosso foco, aqui,
assistimos a alguns fenómenos e ideias que,
tendo tido já origem em 2020, se tornaram
universais em 2021:
Ÿ Tudo deve ser digital;
Ÿ A disrupção será permanente;
Ÿ A cibersegurança é central;
Ÿ Multiplataforma é a norma;
Ÿ Dados são desinformação;
Ÿ O conhecimento é difícil de delimitar.
Em primeiro lugar, é preciso entender que
muitas destas ideias não têm nada de novo.
20 newDATAmagazine.com
papel, ainda que um escritório sem escritório
fosse ainda maioritariamente matéria de
ficção científica.
Há muito que se diz que o mais constante é
a mudança, mas, se calhar, poucos
acreditaram que a mudança seria tão intensa,
tão abrangente e tão invasiva.
Há muito que se fala em hackers, em roubos
de identidade, em fraudes bancárias, phishing,
entre outros, mas até aqui a ideia de que o
Estado poderia ser o invasor da nossa
privacidade era tema para uma teoria da
conspiração misturada com ficção do século
passado. Possível, claro, mas só em casos
extremos, como na China. E mesmo aí parecia
mais ficção que realidade.
E, claro, se há muito que tomamos a
comunicação como garantida, agora vêmo-la
como imprescindível, disponível em múltiplos
meios e com um forte apelo para o seu uso,
para partilha e integração. E queremos ter a
salvaguarda de o poder fazer sempre.
De tal forma, que alguns de nós já o sentem,
quando procuram, por entre WhatsApp, SMS,
Voz, Teams, Zoom, Messenger, múltiplos mails,
chats, redes socias várias, aquela mensagem
que dizia exatamente o que estava combinado
e com quem.
Da era da “mass comunication” passámos
para a era da “communication mess”, tal é o
frenesim da comunicação.
E já lá vão décadas que todos falam da
diferença entre dados, informação e
conhecimento. Mas nunca, como no ano
passado e neste, se interiorizou a ideia de que
o mesmo dado era lido de múltiplas formas,
que a informação poderia ter enviesamentos
d r á s t i c o s , m a s p e r s u a s i vo s , q u e o