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newDATA 03 | i.data_cities
MAGAZINE
COLUNA
O viver URBANO transformação de lugares de vivências, quer
na transformação ao nível do modo como a
mediado pelos DADOS vida decorre no quadro da digitalização do
quotidiano.
No texto de junho, abordou-se o potencial O planeamento da cidade das pessoas e
da transformação digital em aproximações dos dados exige não só uma administração
híbridas à participação cidadã na cidadania mais transparente e disposta à cocriação de
de ação, através do empoderamento digital. soluções urbanas coletivamente construídas,
Na sequência deste tópico, a atual coluna mas também a existência de indivíduos com
destaca a necessidade de convergência entre disponibilidade para participarem e
o planeamento das cidades e o seu acompanharem, com um forte sentido do
quotidiano, promovendo formas renovadas outro, a edificação do futuro comum. Para o
de vida urbana mediada pelos dados. efeito, o planeamento das cidades não poderá
Planear a urbanização implica cada vez continuar a assentar em desígnios alheados
mais a correlação de processos nos quais o das distintas realidades que conformam hoje
envolvimento cidadão é estruturante para o o território. Para que este hiato não se
prosseguimento de contextos de vivências consubstancie, a coleta, tratamento,
mais plurais e efetivos na resolução de visualização e análise crítica de dados de
constrangimentos diversos que indivíduos e fontes e proveniência diversa é
comunidades sentem no respetivo dia-a-dia. crescentemente relevante.
A interdependência entre os diferentes
níveis da administração (central, local) e as O processamento de dados através de
populações precisa ser consolidada, para que sistemas de informação geográfica (SIG) é já
o planeamento das cidades acolha a uma prática em diversas autarquias lusas.
presente diversidade/incerteza de múltiplas Não obstante, urge consolidar os
realidades em respostas partilhadas mais ambientes SIG com outros que convalidem o
assertivas. Assim, o recurso à utilização de avanço em abordagens prospetivas da
dados é um “caminho” cujo início tem sido urbanização. Por exemplo, o City Information
dado com passos ainda não totalmente Modelling (CIM) – cf. publicações de N.
estruturados (nem tão pouco sistemáticos), Montenegro, J. N. Beirão e J. P. Duarte –
mas que se afigura irreversível. congrega a análise e a simulação de cenários
A maior ênfase do papel dos dados no urbanos em que variáveis de demografia,
planeamento das cidades torna possível distribuição das atividades económicas e
perspetivar a urbanização nos seus distintos equipamentos (entre outras) confluem no
graus de complexidade. Permite ainda aferir ensaio/teste de soluções urbanísticas
com maior rigor a intensidade do “pulsar” de flexíveis à rápida alteração dos dados que as
vivências e os (novos) tipos do viver urbano conformam.
– contemplando-os no planeamento do Escrutinando o horizonte próximo, antevê-
território. Dada a existência de certa inércia se que não perdurará o planeamento das
do urbanismo de pendor mais burocrático, a cidades sem a cocriação da urbanização
realidade tem sido mais lesta quer na futura devidamente apoiada em dados.
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