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newDATA 05 | i.data_cities
MAGAZINE
COLUNA
A digitalização do HABITAR
Em agosto (newDATAmagazine N.º04 ) foi O espaço doméstico, ao qual se
referido que se avizinha a crescente regressava após oito, nove, dez ou mais
digitalização do quotidiano e suas atividades. horas fora de casa, tornou-se protagonista
Neste âmbito, perspetivam-se alterações quase exclusivo de todas as tarefas e
relevantes ao nível do ócio, do trabalho e do compromissos diários. Isto é, a casa
habitar. A coluna deste mês foca-se neste consubstanciou-se enquanto foco de
último. acolhimento do dia-a-dia de cada um e
A transformação da conceptualização e respetivo lugar de segurança face ao risco de
valor do espaço doméstico foi acelerada pelo infeção do novo coronavírus.
impacto de sucessivos confinamentos No decorrer deste processo ficaram ainda
resultantes da prevenção da disseminação da mais evidentes constrangimentos e
doença da Covid-19. Como é comummente limitações dos espaços domésticos:
reconhecido, o trabalho a partir de casa exiguidade; má orientação solar; ausência de
(vulgo, teletrabalho) constituiu uma das espaços exteriores; isolamento deficitário;
medidas genericamente adotadas para entre outros.
garantir a continuidade de atividades Complementarmente, ganhou-se
económicas e serviços ao mesmo tempo que consciência de que a celeridade com que
se procurava proteger a população da infeção se alteraram os modos de trabalhar
pelo coronavírus SARS-CoV-2. (teletrabalho), aprender (telescola),
Adicionalmente, a educação/formação consumir (compras online), sociabilização
também adotou o espaço virtual para seu (chats/redes sociais), não foi totalmente
prosseguimento. Repentinamente, as casas
viram as suas áreas continuadamente acompanhada por correspondente
ocupadas e com utilizações para as quais transformação dos espaços domésticos.
não foram preparadas – por exemplo, a sala Para além do até aqui referido, tem vindo a
de jantar deixou de ter mesa com terrina de ganhar contornos cada vez mais explícitos o
fruta ao centro e, no lugar desta, foi colocado conjunto de implicações provindo da dita 4.ª
na mesa um posto de trabalho (com portátil revolução industrial (também designada por
e/ou computador, impressora/scanner); o Indústria 4.0), em que a inovação tecnológica
quarto de dormir passou a “quarto-escola”, ou conduzirá a mudanças diversas na produção,
a “quarto-praça” (com encontros/conversas à manufaturação, fabricação, customização e
distância (em chats) com os amigos), a comercialização/aquisição de bens e
“quarto dos intervalos”, entre outros quartos serviços. O potencial de realização de
com multiplicidade de vida que, usualmente, qualquer uma destas etapas a partir do
decorreria fora dele. Ou seja, o quarto passou espaço doméstico, à distância
de espaço de repouso a espaço de azáfama (remotamente), permite antever que novas
dimensionalmente desdobrada entre o real e formas de habitar ganharão expressão,
o digital. proximamente.
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