Page 51 - newDATAmagazine® | 16>08>2022

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Os dados na humanização inteligente da cidade
Em termos gerais, quando se aborda a
problemática da humanização da cidade,
uma das questões mais discutidas prende-
se com a necessidade de tornar os espaços
urbanos mais user-friendly, principalmente
através do incremento de ruas e praças
exclusivamente pedonais. Não obstante,
centrar o debate relativo à humanização da
cidade no aumento de vias apenas para
peões revela-se redutor face à amplitude de
problemas associados e à sua
complexidade.
Avançar no sentido da real humanização
da cidade exige a articulação integrada de
diferentes sistemas urbanos e saber acolher
as transformações em curso nos modos de
vida atualmente praticados (quer em termos
de estruturas familiares e seus espaços
domésticos, como de contextos de trabalho
entre o físico e o digital – como comentado
em colunas prévias).
A real humanização da cidade depende
de espaços e atividades intrinsecamente
ligados e interconectados, para os quais os
dados têm um papel muito relevante no
respetivo desempenho. Ou seja, tirando
partido do potencial inerente aos dados,
pode perspetivar-se a humanização
inteligente da cidade.
Os dados, na humanização inteligente da
cidade, serão aqueles que o planeamento
sistémico e holístico da urbanização (em
parte aflorado na coluna do mês passado)
acolher, desde a distribuição equilibrada e
plural da oferta de equipamentos e serviços,
passando pela localização ponderada de
atividades económicas, a disponibilização
de diferentes tipos de redes de transportes
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COLUNA
públicos, até à cada vez mais urgente
correlação entre estrutura urbana e
estrutura ecológica.
Não serão os dados que tornarão a cidade
de cada um mais humana, mas serão os
dados que poderão estar na base de
indicadores que melhor informem sobre a
forma de ajustar os planos aos modos como
a vida acontece, às formas de apropriação
dos espaços urbanos que cada um –
individual ou coletivamente – enceta no dia-
a-dia, aos processos de aculturação dos
lugares, até a uma espécie de
“customização” da cidade.
Considerando tópicos como os acima
indicados, não esquecendo aspetos sobre a
gestão inteligente da cidade, estar-se-á a
planear a urbanização à escala humana,
assente em lógicas de proximidade e de
solidariedade, onde a interação humana se
verifica ampla, plural e participada (APP).
O desenvolvimento tecnológico e as
possibilidades trazidas pela imersão digital
quotidiana dos citadinos com interfaces
comunicacionais e respetivas aplicações
digitais (app) tornam possível
complementar a humanização da cidade
com informação em tempo real e com fluxo
constante (ou periodicamente regular).
O desdobramento do viver urbano entre o
físico e o virtual, coadjuvado com o acesso
livre, em rede e gratuito, a informação útil
para decisões num quotidiano que se quer
cada vez mais local, exige a conjugação do
quantitativo no qualitativo, na humanização
da cidade (app + APP = humanização quanti-
qualitativa da cidade).
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