Page 19 - newDATAmagazine® | 20>01>2023

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MAGAZINE
COLUNA
(não) inteligente
A mobilidade
A mobilidade tem sido um dos temas mais
debatidos na campanha para as eleições
autárquicas. Seja cidade pequena ou grande,
a mobilidade é um eixo importante a que os
candidatos têm dado especial atenção, com
especificidades muito semelhantes. Da
Covilhã a Lisboa, os candidatos debatem a
falta de acessibilidade, a falta de transportes
públicos, a falta de meios e ciclovias. Sim,
ciclovias tem sido um tema quente destas
autárquicas.
A verdade é que as estratégias de
mobilidade, quer no meio rural, quer no meio
urbano, têm evoluído imenso nas últimas
duas décadas em todo o mundo. Esta
evolução foi alavancada pela necessidade de
mudança de paradigma na procura de uma
maior sustentabilidade ecológica e pela
evolução tecnológica relacionada com os
meios de transporte e com a recolha de
dados. Este paradigma é também conhecido
como mobilidade inteligente.
A mobilidade inteligente é sustentada
pelas dezenas de fontes de dados que todos
os dias são recolhidos pelas nossas cidades.
Até o mais comum dos mortais participa
nesta contribuição de dados. Contribui
quando chama o carro de aluguer pelo
smartphone, quando compra um bilhete de
metro, quando anda de trotinete elétrica de
aluguer ou até mesmo quando passa numa
portagem ou usa a Via Verde num parque de
estacionamento. Todas estas ações resultam
em dados, que são guardados e analisados
de forma a serem usadas para entender o
tráfego numa cidade ou outras
tendências de mobilidade. Porém, esta
análise de dados, relacionados com a
mobilidade, está sempre dependente do quão
os serviços de mobilidade estão integrados
entre si.
Viajei durante alguns anos entre a Covilhã
e Lisboa e algo que sempre me fez confusão
foi o facto de ter de comprar um bilhete de
comboio Intercidades para chegar a Lisboa e
depois ter de comprar ou usar um cartão de
viagens diferente para andar de metro, sendo
que o serviço até é da mesma empresa!
Porque é que não consigo, com o mesmo
cartão, através do mesmo site, reservar um
bilhete intercidades e comprar logo um
bilhete de metro, ou até alugar um táxi, ou
reservar um UBER, ou uma bicicleta elétrica?
Porque é que, quando apanho um autocarro e
não comprei bilhete antecipadamente, tenho
de interagir com o condutor do autocarro?
Não era mais fácil que na própria paragem de
autocarro eu conseguisse comprar o bilhete?
Ora, para isto acontecer, tinha de existir uma
maior integração de serviços e dados e em
Portugal tal não existe.
Entre os melhores destaques de práticas
de mobilidade estão as cidades de São
Francisco (EUA), Singapura, Pequim (China),
Estocolmo e Londres.
Todas estas cidades têm estratégias
diferentes, pois a geografia e cultura são
fortes influências, contudo há dois pontos
em comum que são dignos de destacar:
1) as cinco oferecem serviços de
mobilidade sustentadas em veículos
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