Page 13 - newDATAmagazine | 11>03>2022

agricultura que privilegie o desenvolvimento crueldade para com o reino animal, muito
da ruralidade, através de uma utilização mais
equilibrada dos recursos, preservando a
paisagem natural.
E instala-se a pergunta: o que fazer com
esta informação? A dualidade de opiniões e
posturas dentro da homogeneidade civil,
movida pelos media, permite-nos identificar,
grosseiramente, dois grupos populacionais.
Um grupo resignado e demasiado preso aos
seus costumes, letárgico e pouco motivado
para a mudança e outro, cada vez mais
eufórico e sensibilizado para as questões
humanitárias, ativista. Infelizmente, existe
ainda um problema comum aos dois grupos: a
iliteracia.
Apesar de termos à disposição informação
gratuita e em tempo real, é necessário
desenvolver capacidades de análise criteriosa
e de bom senso face às questões lançadas. Se
e x i s t e u m a f a t i a d a p o p u l a ç ã o ,
t e n d e n c i a l m e n t e m a i s j o v e m ,
verdadeiramente ligada aos temas do
consumo sustentável e sensibilizada para a
c o n t e n ç ã o d e u m a a l i m e n t a ç ã o
maioritariamente carnívora, torna-se
desafiante guiar – diga-se, no caminho da
verdade – este grupo populacional, dada a
quantidade de informação, cuja qualidade
tende a ficar comprometida, disponibilizada
sob a forma de filmes, documentários, posts e
artigos que, na grande maioria, não são
verdadeiramente baseados na evidência
científica. Por exemplo, face às imagens de
exacerbadas nos filmes disponíveis nas
plataformas de streaming, é natural que surjam
questões/soluções como: devo, então, optar
por uma dieta plant based? Trocar as fontes de
proteína animal pelas fontes de proteína
vegetal? E os alimentos processados e
ultraprocessados? O tofu, o seitan ou a soja,
que cada vez mais vemos expostos nas
prateleiras dos supermercados, são
sustentáveis?
Torna-se desafiante, sobretudo para os
profissionais de saúde, assumir o papel de
educador e responder a estas questões,
tentando contribuir para a adoção de um estilo
de vida instruído e salutogénico, por competir,
de alguma forma, com esta avalanche de
“informação”, nem sempre de caráter benigno.
Já a outra fatia populacional, pouco
interessada na tomada de consciência destes
problemas, torna-se refém das tecnologias e
continua a celebrar um comportamento
negligente e nocivo, resultante também da
iliteracia. Desde as aplicações digitais que
permitem a aquisição de produtos alimentares
pouco saudáveis, como fast-food, à distância
de um click, ao marketing alimentar que
continua a favorecer padrões de consumo
pobres e nutricionalmente desinteressantes,
favorecendo as grandes indústrias, passando
ainda pelas modas alimentares divulgadas
nas redes sociais, que muitas das vezes
contribuem para relações desequilibradas
com os alimentos e com a saúde.
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