Page 19 - newDATAmagazine® | 19>11>2022

newDATA Experiência do colaborador, procura-se.
MAGAZINE
Na opinião de...
Ana Carolina Simões
Consultora de Recursos
Humanos na
Iscte Junior Consulting
Perfil | Profile
Maria Carolina Coimbra
Consultora de Recursos
Humanos na
Iscte Junior Consulting
Perfil | Profile
A introdução da inteligência artificial (IA)
na Gestão de Recursos Humanos (GRH)
verifica-se através do “apoio voluntário,
consciente e direcionado do uso das
tecnologias”, segundo Ruël et al. (2004). Esta
digitalização da GRH é transversal a todas as
suas áreas: recrutamento e seleção;
formação e desenvolvimento; retenção e
avaliação de desempenho.
O objetivo da introdução da IA é aumentar
a eficiência e justiça na gestão de pessoas,
recorrendo à base de dados. A base de dados
é gerada pelo uso de software e permite
identificar quem contratar, quando e onde, a
realocação dos funcionários já existentes,
bem como promovê-los e recompensá-los.
Em suma, o propósito da digitalização é o de
que os gestores de RH direcionem o seu foco
para áreas mais estratégicas da empresa.
De acordo com um relatório feito pela
KPMG, a maioria dos CEOs acreditam que a
implementação da IA irá gerar novas
oportunidades para os trabalhadores de RH.
Contudo, sentimos que esta pode reduzir a
autonomia dos mesmos e fomentar
sentimentos de injustiça em toda a
organização, uma vez que as decisões
tomadas se baseiam sobretudo nos
tomadas se baseiam sobretudo nos
resultados, não tendo em consideração a
componente humana.
Para além disso, consideramos que a fase
de recrutamento e seleção é uma das fases
cruciais para qualquer empresa, pois as
pessoas selecionadas irão representar a
empresa e deverão fazer fit com a sua cultura
e o seu clima. Será que a automatização
desta fase permite medir os valores pessoais
de cada candidato? A nosso ver, isto não é
possível, visto que a IA filtra os CVs de forma
otimizada, baseando-se apenas nas hard
skills, desvalorizando completamente as soft
skills, que as empresas tanto afirmam
valorizar.
Alguns autores (Arora et al., 2021) afirmam
que a avaliação de desempenho através da
IA reduz o enviesamento humano e,
consequentemente, é mais justa. Porém,
julgamos que esta avaliação da IA se suporta
apenas nos resultados, ignorando o esforço
dos trabalhadores bem como os fatores que
levam à diminuição do desempenho,
podendo estes ser pessoais e não
profissionais.
Ademais, as decisões tomadas pelos
gestores de RH envolvem um pensamento
crítico assente, maioritariamente, em
opiniões políticas. Atualmente, no nosso
ponto de vista, é extremamente difícil
incorporar num algoritmo estes princípios,
tendo em conta que, muitas vezes, eles são
muito subjetivos.
Posto isto, devido à era digital que
atravessamos, consideramos inevitável a
introdução da IA na GRH. No entanto,
defendemos que a automatização dos
processos deve complementar o trabalho
humano, ao invés de o substituir.
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