Page 14 - newDATAmagazine® | 21>03>2023

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Morte anunciada para os CV?
Na opinião de...
Constança Santa Marta
Partner, Global Business
Services Leader na Mercer
Perfil | Profile
De Funções a Conquistas e
Experiências
Não é preciso recuar muito no tempo para
nos lembrarmos dos processos de
recrutamento que valorizavam sobretudo as
médias de universidade, o longo rol de
certificações e a complexidade das funções
já exercidas. São, sem dúvida, critérios úteis,
mas deixam de fora o mais importante: o
impacto das competências adquiridas.
Toda a base de formação académica e
desenvolvimento profissional é uma
ferramenta que nos ajuda a contribuir para a
associação, empresa ou sociedade em que
estamos inseridos, atingindo diversos
marcos e resultados. Assim, mais do que
saber qual a formação (ou média!) que o
candidato tem, passamos a estar
interessados em saber o que fez com isso,
como o ajudou a criar, desenvolver ou atingir
determinado objetivo. O mesmo numa
experiência profissional, mais do que a
função desempenhada, interessa saber quais
foram as principais conquistas e resultados
atingidos. Hoje temos, por vezes, candidatos
que não têm a formação base (competências
técnicas) necessária, mas são eles os
selecionados, pois as suas competências
comportamentais, experiência com
resultados demonstrados e personalidade
acabam por ser mais valorizadas. A
componente técnica e específica da função,
dependendo do investimento e tempo
disponível, pode ser ensinada (re-skill).
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Por outro lado, a visão do candidato em
relação a uma posição à qual se propõe
também tem passado por uma significativa
transformação: a preferência pela
estabilidade (financeira), empresa de renome
e procura de função específica vem sendo
desafiada por uma grande apetência por
novas experiências e aprendizagem
constante.
O mercado de talento, nomeadamente em
áreas analíticas, está altamente competitivo,
tornando-se indispensável às empresas
terem propostas de valor muito além da
componente financeira. Muito se tem falado
sobre este tema, nomeadamente sobre o
importante apoio à saúde mental e equilíbrio
trabalho-casa, contudo, outro fator crítico é a
oportunidade de ser exposto a novas
experiências e ao desenvolvimento de novas
competências. Funções estáticas durante
anos já não são apelativas, sendo mais
atraente estar envolvido em projetos
dinâmicos com duração de alguns meses e
formação contínua. Candidaturas internas
para posições/funções, ao invés de recrutar
no mercado, é também uma forma relevante
de proporcionar novas experiências. O
investimento em formação (desenvolvimento
das competências técnicas) pode ser maior
para a empresa, mas a retenção e valorização
dos colaboradores traduz-se num retorno
extremamente positivo.
Não quero desta forma descurar a
importância das competências técnicas
numa função e da boa preparação de um
candidato. No entanto, tal como um CV
tradicional com certificações listadas já não
é o cartão de visita que as empresas
procuram, também uma função padrão e
estanque não é atrativa para o candidato. A
procura vai mais além: conquistas e
experiências.