Page 11 - newDATAmagazine | 10>02>2022

Do que a indústria se foi apercebendo (e momento zero, mas, em troca, vão ter Working
algo que está na conceção do XP e do Scrum), é
que o software e o seu processo de
desenvolvimento não são estáticos.
O que estudamos e desenhamos ao início
pode não ser verdade 6 meses depois, durante
o desenvolvimento – o mercado mudou, novos
Stakeholders têm novas visões do assunto, etc.
E se isto era verdade nos anos 90, na era de
transformação digital que vivemos é
exponencialmente mais válido – se
demorarmos um ano a fazer um produto,
quando chegarmos ao mercado já a
concorrência chegou primeiro, ou as
tendências mudaram, e já não temos o target
public previsto.
Somado à mudança de mercado, temos que
o desenvolvimento de software na sua base
tem um carácter experimental e uma grande
dose de incerteza. Isso leva a que a definição
de prazos a longo termo, a priori, não funcione a
larga maioria das vezes (há sempre aquela
tecnologia nova, o bug que ninguém previu, o
impacto com o sistema ao lado, etc.).
Outro fator que leva ao incumprimento
desses prazos é o facto de trabalharmos em
grandes blocos sequenciais (tudo analisado,
tudo programado, tudo testado). Muitas vezes,
de passo em passo, há dúvidas, o que leva a re-
work, e, no seu limite, leva a bugs. E, pelo meio,
perde-se tempo e informação, ao empurrar de
equipa em equipa o trabalho, algo que em Agile
é defendido trabalhar-se numa equipa una
com todas as competências necessárias.
Todos estes fatores levam a que, cada vez
mais, as empresas queiram abandonar o
Waterfall. Contudo, abandonar Waterfall e
adotar Agile não é só colocar o Analista, o
Programador e o Tester na mesma sala e
dizerem, “Toca a dar gás, malta!”. É preciso que
os Stakeholders envolvidos percebam que não
vão ter um planeamento de um ano no
Software bem mais cedo no mercado, com
mais qualidade e sempre virado para as
necessidades atuais dos nossos utilizadores.
Kanban – it's just a board
Um conceito adicional, aliado a todas as
metodologias já usadas, é o Kanban. Pode ser
utilizado como uma metodologia própria , mas
na verdade, Kanban significa apenas uma
coisa: é a palavra em japonês para “Quadro”.
Como tal, em Agile, principalmente em Lean
(devido a este Kanban ter sido originalmente
usado na manufacturing industry), mas
também em Scrum, é usado um quadro
chamado de Kanban Board para visualizar o
trabalho em curso das equipas.
Figura 6 - A simple Kanban board. Fonte: digité
Ter o trabalho da equipa num quadro tem
inúmeras vantagens, desde a visualização do
fluxo de trabalho (um adjetivo usado para
descrever o Kanban Board é ser um Information
Radiator) à gestão e limitação do WIP; e deve
ser aliado a bons princípios, como o Stop
Starting, Start Finishing (dar prioridade ao
trabalho já em curso), ao diálogo entre equipa,
à colaboração e à discussão de impedimentos.
No mundo digital em que vivemos, e
especialmente com a ascensão do
teletrabalho, mais importante se torna ter um
sítio central onde o trabalho da equipa e o seu
fluxo está visível e acedível a qualquer
momento, o que levou a que inúmeras
ferramentas de Kanban ganhassem
popularidade.
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