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newDATA FutureTECH(k)now!
MAGAZINE
COLUNA
No início deste segundo semestre, em A verdade é que é cedo para tirarmos
fevereiro, pedi aos estudantes de Mestrado conclusões e (quase) todos estamos
em Engenharia Informática na Universidade cansados do ecrã brilhante, mas e se o
da Beira Interior que desenvolvessem a chamado “milagre digital COVID” nos tiver
seguinte ideia: “O dia-a-dia em 2051”. Tinham trazido também uma maior sensibilidade a
de escrever como imaginavam os seus dias, tudo o que nos rodeia (e que não é digital!).
do acordar ao deitar, em 2051. Entre muitas Tudo aquilo de que fomos de alguma forma
respostas, retirei algumas conclusões. Na privados durante meses, como a natureza, o
generalidade das respostas, a tecnologia é exercício físico ou o convívio interpessoal.
invisível, atuando entre nós e para nós de Quantos de vós, começaram durante a
forma automática, inteligente e nunca pandemia a caminhar ou a correr? Quantos
intrusiva. São também várias as de vós começaram a falar com a família
preocupações com o ambiente, e muitos diariamente (via Zoom, Skype, WhatsApp ou
foram os que falaram em espaços exteriores outro qualquer), quando só o faziam uma vez
amplos e no uso de energias não poluentes.
Contudo, e por outro lado, todos se por semana? Quantos de vós começaram a
imaginaram a sair de casa para o emprego passear na natureza? Quantos começaram a
em veículos autónomos e inteligentes. Esta ler? E voltando um pouco atrás ao Admirável
foi para mim uma grande contradição e até Mundo Novo de Huxley, quantos começaram a
nos rimos um pouco sobre este tópico. No preocupar-se seriamente com a vossa
final perguntei: “Mas vocês acham que em pegada digital e com a vossa privacidade no
2050 há veículos a circular no Marquês de mundo online?
Pombal?” Depois de um breve silêncio Muito se fala da transformação digital
(estávamos no Zoom), quase todos foram forçada pela pandemia, mas pouco se fala da
respondendo que provavelmente não. Se transformação social e de como depois disto
calhar até circularão, mas entenderam o meu passamos a olhar para a tecnologia. Duvido
ponto de vista. imenso que o nosso olhar seja o mesmo que
Alguns aspetos curiosos: em 2019. O meu mudou certamente. Mas se
1) não equacionaram o teletrabalho; a nossa perceção sobre o uso e benefícios da
2) não têm uma perceção clara de como tecnologia mudou, a tecnologia em si
será a mobilidade no futuro;
3) a tecnologia é invisível; e também tem de mudar. Eu partilho da visão
4) existe uma grande preocupação com o dos estudantes. A tecnologia tem de servir a
ambiente. sociedade de forma invisível, inteligente e
autónoma, tornando o nosso dia-a-dia mais
Notem que estou a referir-me a uma fácil, mais limpo, sustentável e mais seguro.
geração que nasceu na era da informação, na Nós não temos de ver a tecnologia, mas ela
era da transformação digital. Aliás, estou a tem de nos ver a nós.
referir-me a estudantes de informática! E não
me pareceram nada entusiasmados com o Bruno Miguel Silva
uso da tecnologia no futuro! Ninguém me
criou uma novela sci-fi, com carros voadores Professor Universitário na
(alguns drones, sim), robots falantes ou Universidade da Beira Interior
ovelhas elétricas. Perfil | Profile
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