Page 11 - newDATAmagazine | 07>11>2021

newDATA
MAGAZINE
Um novo velho paradigma epistemológico:
BIG DATA. BIG KNOWLEDGE
Nunca na história da humanidade tivemos
acesso a tanta informação como agora. O
agora que vivemos como presente será um
futuro de ainda maior grandiosidade no que
respeita à quantidade de informação e aos
desafios com a sua gestão. Será um desafio
tecnológico inevitável e a utilização dessa
i n f o r m a ç ã o s e r á u m p r o b l e m a
epistemológico.
Hoje, designamos por data a entidade quase
mágica que nos fascina pelo seu gigantismo e
poder ilimitado. O que acontece hoje com o
nosso fascínio pelo gigantismo da tecnologia
e da informação não é novidade. Sempre foi
assim na história da humanidade, ficar
estonteado pela grandiosidade das estátuas,
pirâmides, esfinges e colossos. Os homens
s e m p re s e s e n t i r a m t e n t a d o s
grandiosidade. As bibliotecas de Alexandria de
hoje erguem-se em biliões de entradas e links
guardadas em infindáveis processadores.
Em vez de páginas de papel encadernado
temos silhuetas fugazes nas nuvens. As clouds
de informação são as prateleiras de
enciclopédias de ontem. Apesar desta
mudança de suporte no conhecimento e,
principalmente, na gigantesca quantidade de
informação armazenada, o problema que se
nos coloca hoje é o mesmo de sempre. Como
construir um paradigma de conhecimento
profundo de compreensão que faça justiça à
informação disponível?
Trata-se de um desafio que implica uma
reflexão sobre a forma como construímos o
conhecimento. A passagem do paradigma
moderno para o pós-moderno na ciência não é
de hoje e não está acabado, mas pode ser
inspirador para os desafios que nos são
colocados. O novo paradigma pós-moderno
c o n fi g u r o u - s e “ d o p o n t o d e v i s t a
epistemológico”, em torno de processos de
construção do conhecimento sob a rubrica do
que veio a chamar-se epistemologias
construtivistas. Hoje é possível observar esse
processo em pleno desenvolvimento e não
sabemos exatamente quando irá parar.
No entanto, não pode haver um retrocesso.
Na perspetiva moderna da ciência, baseada na
proposição racional de Descartes pela qual a
ciência deveria, na definição do seu objeto de
estudo, “Dividir cada uma das dificuldades (...)
em tantas partes quantas possíveis e quantas
necessárias forem para melhor resolvê-las”. O
raciocínio inspira isolar variáveis e definir
“relações de causa efeito” entre variáveis
p e l a dependentes e independentes.
P a r a r e p r e s e n t a r a e s t r a t é g i c a
metodológica da ciência moderna, podemos
assumir a premissa de “dividir para conhecer.”
A ciência moderna procurou o conhecimento
por meio da divisão do “todo” complexo em
partes mais simples, para classificá-las em
separado e conhecê-las em profundidade,
dissociadas do “todo” de que fazem parte.
Essa foi a forma que a ciência moderna
encontrou para conhecer os fenómenos
naturais e os fenómenos humanos passíveis
de serem observados e sistematizados, com o
i n t u i t o d e d o m i n á - l o s n o s e n t i d o
epistemológico. Segundo Edgar Morin, trata-
se do “paradigma da simplificação”. O método
científico moderno que nos inspirou e
formatou a todos apoiou-se na ideia de
redução da complexidade e na quantificação e
enumeração de dados em categorias.
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